segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sobre ser assim ou O encontro de espécies diferentes do mar




Quando você deixou de me amar aprendi a perdoar e a pedir perdão”


Ela era alguém com muito medo . Ele queria ir na parte mais funda do mar, todavia seu sonho sempre foi voar. Foi em um desses mergulhos que se conheceram , pois ela mesmo sentindo medo, às vezes se aventurava, porém quando se encontraram, foi como se ambos tivessem ido à superfície e encontrado uma balança , um equilíbrio perfeito. Bem, perfeito ao menos naquela fração de segundos.
Eles aprenderam a flutuar, conheceram lugares e paisagens novas, viram coisas que mesmo depois de anos, mesmo passando longe reconheceriam no ato.
Foi junto dela que descobriu sobre o acasalamento de espécies em águas profundas , assim ocorre quando a fêmea escolhe um entre vários machos e começa com algumas mordidas no pescoço e nos ombros. A fecundação é interna, o macho introduz o órgão reprodutor masculino no órgão copulado feminino, porém se ambos não tiverem experiência, primeiramente, ficam só a dançar juntos no fundo do mar, até os corpos se encaixarem,naturalmente, de tanto um descobrir o outro. E assim se deu também com eles.
Talvez quem esteja lendo, acredite que há uma monotonia como todos os casos de amor em que todos são extremamente felizes. Pois não era assim. A balança quase nunca estava no meio. Quando um estava muito lá em cima, imediatamente, o outro estava muito lá embaixo.
Assim quando eles subiam muito,ela  tinha pânico de altura e se recolhia, quando eles estavam muito lá embaixo, ele reclamava de estar distante do seu sonho de voar. Um sentia saudade do outro quando não se viam, mas equilibrar era quase como resolver uma equação de 3 grau.
Mesmo assim, por muitas vezes, tentaram e nessas tentativas descobriram o mar juntos e mil coisas mais, dessas que a gente guarda como tesouro.
Mas sempre chega o dia que mesmo temendo não se ter força para decolar sem o impulso do outro, não se tem como ficar. Ele decidiu voar como sempre quis, e foi feliz.
Ela perdeu o medo de nadar , e dizem até que tenta pequenos vôos . porém não se encontram, aventuram- se sempre em direções opostas.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


Hoje eu assisti ao encantador Românticos anônimos, no francês o filme chama-se emotivos anônimos, melhor o original.
Esse é para assistir naqueles dias em que tudo que a gente mais quer é se emocionar com um final feliz , porém indo de encontro ao lugar comum.
René é dono de uma fábrica de chocolates, Angelique faz uma entrevista de emprego para trabalhar na confeitaria de René, logo o patrão  interessa-se por ela, porém ambos sofrem de uma timidez patológica. Angelique freqüenta um grupo de terapia  chamado emotivos anônimos e René faz terapia. Os dois lutam para conseguirem enfrentar seus medos e anseios, aprender a lidar com suas emoções descontroladas e se relacionarem.
Eu que tenho essa mania de me ver em diversas personagens , não poderia deixar de dizer que me senti meio Angelique.Uma mulher muito medrosa e que por vezes, parece até um pouco fria e esquisita.
Tenho de lembrar que esses dias um colega de faculdade, disse que quando estudávamos juntos, eu parecia um pouco psicopata, pois minha voz quase não saía e falava olhando para o chão. Nem lembrava dessa menina tímida que eu era, apesar de ser ainda, tive de criar alguns subterfúgios.
Ah! como eu queria ter freqüentado os emotivos anônimos como a Angelique! O filme é um convite a todos os tímidos que alguma vez já se sentiram patéticos como os personagens principais, porém a história é contada com tanto charme e tão livre de julgamentos que deu vontade de fugir de todas as regras como eles.