terça-feira, 31 de dezembro de 2013

E se tudo der certo em 2014

Contrariarei meus medos
pularei onda, comerei lentilha, farei mandinga
e não irei mais desacreditar na vida.
Se, ao menos, por um tempo a vida se encaixar nos eixos
Lerei livros de auto ajuda
Trabalharei com sorriso estampado
Terei uma gama de frases motivacionais na ponta da língua

Mas se tudo der certo em 2014...
Indispor-me- ei com o pessimismo do mundo
Flertarei com o senso comum
Curtirei as coisas simples da vida

E se tudo der certo em 2014...

Traçarei mil metas
viverei novos desejos
Serei tachada de brega, cafona
e só terei apelidos de gente feliz.

Ah! mas se tudo der certo em 2014...

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Relendo o que escrevi dia 22 de dezembro de 2012:
2013

Eu caminhei por muitas horas, carreguei tudo que já tinha ficado, atravessei o deserto. Eu corri, subi, desci, escorreguei, finquei, topei. Eu andei por lugares lindos, vivi algumas histórias, passei rápido, parei pouco, por precisar sempre voltar.
Eu estou agora no ponto de partida, disposta a percorrer outras trilhas que antes não tive tempo de arriscar. E o melhor, com calma e sem olhar para trás, sem desmerecer momento algum.


Em 2013, o que mais deu certo foi meu desejo de não carregar o passado. Depois de quase 8 anos, larguei a terapia e me sinto feliz assim. Comecei um novo projeto profissional que me deu insegurança, mas no final já estava tranquila e segura. Fiz greve pela primeira vez, criei vínculos maiores no trabalho, me mostrei mais. Conquistei novas amizades.
Quero prosseguir em 2014, buscando novos caminhos, carregando o que for mais fácil e ter o indispensável, crescer sem apegos desnecessários e arriscando ainda mais, pois em algumas trilhas me poupei, fiz pouco esforço, achei que só valeria a visita se alguém me convidasse.
 Em  2014, quero ser entrona, não esperar com tanta cerimônia , ir sem tanto medo e um pouco de tranquilidade que não faz mal a ninguém.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

De todos os caminhos percorridos em 2013, o que levo de melhor, foi ter aprendido a conviver com as pessoas. Estou levando tanta convivência boa, nem todas foram como gostaria, em uma das escolas que trabalho foi ano de luta e de briga, mas até os conflitos foram produtivos, afinal brigar também é melhor que não se posicionar.
Ainda que sem jeito, o Pnaic me ajudou muito. É sempre surpreendente, mesmo também tendo feito muito por merecer, perceber o carinho do outro.
Sim, eu acho sim, que uma das inteligências importantes a serem desenvolvidas é a intrapessoal, segundo a teoria de Gardner das múltiplas inteligências.
O caminho ainda é longo pela frente. Que venham outros anos de Pnaic!

sábado, 16 de novembro de 2013

Blue Jasmine

Assisti ontem Blue Jasmine, Woody Allen está tão sarcástico que não tinha como não me apaixonar pelo filme. Jasmine é tão esquisita quanto Alice de Simplesmente Alice, porém de uma forma um pouco mais urbana e atual.
Eu que sou um pouco claustrofóbica e tenho tendência à crise de ansiedade, me vi ali doida que nem Jasmine, precisando de um bom copo para relaxar, como ela. Que sacanagem, Woody Allen, colocar uma mulher tão louca, com questões tão comuns da contemporaneidade. Deu medo de enlouquecer também. A identificação com a personagem para por aí, mas me rendeu uma sexta leve e muitas discussões interessantes em um bar com uma amiga.


Eis, a sinopse do filme:
Na trama, Uma mulher rica (Cate Blanchett) perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã (Sally Hawkins), em uma casa muito mais modesta. Ela acaba encontrando um homem (Alec Baldwin) na Bay Area que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes ela precisa descobrir quem ela é, e precisa aceitar que São Francisco será sua nova casa.
Jasmine experimenta uma certa queda de categoria social bem diferente daquela por que passa Blanche. O marido vigarista é um finório e constitui uma oposição bem interessante ao namorado de Ginger.
O título do longa se refere à música “Blue Moon”, cuja personagem Jasmine cita a todo momento como símbolo de dias melhores que não existem mais.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

"Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta...
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva"
 

 
Não, eu nunca fui de não sentir. O meu problema é de sempre sentir de mais; eu continuo assim, porém tenho aprendido a desmistificar as pessoas e as relações humanas.
Hoje quando quebra, quebra... não consigo olhar da mesma forma. É como um desinteresse instantâneo.
Fui ouvir Arnaldo Antunes esses dias, acho interessante como essa música dialoga com a crônica sobre o Ciclo seco de Caio. Não, eu não estou no Ciclo seco, porém tive um tão grande ano passado e vez por hora, ele ameaça voltar. Porque as pessoas, essas estão aí para nos desapontar a todo tempo. E eu criei um subterfúgio para me proteger de tudo isso; não foi por mal, mas aqui dentro agora, quando quebra, quebra...
Recomendo a mim mesma que não haja falta de coragem por conta disso, portanto coragem! Porque é tão bom ter tantos sentimentos.
 


sábado, 19 de outubro de 2013

De vez em quando, leio o blog quase todo, observo palavras fortes que usei em momentos que nem precisava de tudo isso.
A versão 2013 é a mais leve de todas, não que a vida esteja fácil, mas leveza se constrói e tenho amigos que têm me ajudado a viver dessa forma. Então que assim seja.

sábado, 31 de agosto de 2013

Esses dias, li uma crônica tão perfeita do Carpinejar, que diz que depois dos 35, acabou a facilidade, só a felicidade rejuvenesce.
Realmente, Carpinejar, depois de uns anos, eu aprendi que apesar das mil dificuldades da vida, o jeito é driblar todos os mil ventos que insistem em nos empurrar para a direção oposta, buscar desesperadamente o que nos faz bem.
Chega uma hora que se não for por algo muito trágico, não dá para perder dias preciosos com a mesma lamúria. Ando sem paciência alguma para quem reclama de tudo. Se for homem então, acho extremamente desinteressante os saudosistas e reclamões.
Eu que fui uma adolescente tardia, que achava elegante a dor e qualquer coisa me deprimia, concordo com você, Carpinejar, quando diz que mulher deprimida, mesquinha, chata só pode ser bonita até os 35, depois a forma que enfrenta os problemas é o que a torna bonita, a felicidade é o que dá viço à pele e brilho nos olhos. E ainda vou mais adiante,vale o mesmo para homem e nem precisa passar dos 35, a partir dos 30, principalmente, deveríamos nos reinventar sempre.
O único problema disso tudo é por reclamar tão pouco, muitas das vezes, as pessoas tornam-se insensíveis às suas questões.
Eis, a crônica na íntegra:

http://carpinejar.blogspot.com.br/2013/04/depois-dos-35-anos.html

domingo, 4 de agosto de 2013

Ela é o excesso de palavras; quem chora e ri contando o mesmo assunto. Ela é teatral, faz ótimas imitações de nossas vidas. Ela conta mil histórias ao mesmo tempo, mal termina uma. Nunca apresentei a alguém que não tivesse gostado dela, é boa de papo. Ela é cheia de sonhos, quase todos cabem em uma mala de viagem. Ela é leve, mesmo se achando pesada, porque no final, sempre prevalece o bom humor. Ela é quem me liga quase todos os dias, quase sempre por nada importante. É quem me irrita e brigo por motivos bobos. Ela me ajudou quando precisei, e eu a ela, depois disso, eu aprendi que poderia passar por todas. Não que não tivéssemos outras pessoas, mas é quem mais me entende. É quem eu não consigo falar, sem lembrar de mim. Sempre, que ando pelo Centro, tem conversas nossas em algum lugar. Ela é amizade, poesia compartilhada. É encontro de alma, amiga, a melhor que poderia ter.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Remexendo no computador, eis que me surpreendo comigo no ano que me tornei uma balzaquiana. :D

Junho de 2011

Para Renata França
[Pelas conversas de sempre]

Aos 20 ou aos 30?
Ter todo o tempo do mundo ou equilíbrio emocional? Será que não poderia ter ambos, pediriam os espertos. Bem, ter o primeiro desses itens não é garantia de que se terá o outro.
Ah! A história é fascinante por ser subjetiva e única. Esses dias eu ouvi, o humano é plástico, e por tudo isso podemos ir e vir diversas vezes. Ter todo o tempo do mundo para recomeçar e começar a qualquer momento, por quê não? E que venha o descontrole
Porém, falta pouco mais de três meses para tornar-me uma balzaquiana, posso dizer que planejei tantas coisas para o ano que fizesse 30 que tudo tem saído de forma imprevisível. E não é ruim isso.
Sábado fiquei lá ouvindo sugestões públicas de como meu trabalho pode se tornar melhor até agosto. Só vinha uma coisa na cabeça, caramba, se tivesse vivendo isso anos atrás, como encararia isso? Não foi ruim ouvir elogios e críticas, apenas faz parte. Mas antes não encarava bem e tem tanta coisa que tá melhor.

Eu só queria ter mais tempo e isso significa tempo do meu dia, do meu fim de semana, tempo para fazer tudo que eu ainda não fiz sem que parecesse ridículo, tempo para ser adolescente, tempo para andar por aí sem ter respostas, viajar, sair da rotina.


Aos 20 ou aos 30? Quero um pouco dos dois.

quinta-feira, 25 de julho de 2013



E quando algo sai do lugar...

As coisas quando saem do lugar, deveriam ser comemoradas, ou melhor, devíamos deixar sempre algo no lugar errado para que o desconforto causado nos fizesse procurar por objetos mais harmoniosos. Não que haja um lugar certo de se estar, mas acostumamos com as nossas arrumações.
Eu sei, às vezes é preciso ter paz, foco e parar de mexer nas coisas. Mas quando tudo caminha, aparentemente, para frente, não se enxerga outras possibilidades. Em alguns momentos, nem sabemos se é para frente que estamos indo, como um avião quando reduz a velocidade, não se sabe se está parado ou só devagar.
Eu que tenho medo de tudo, quero sempre a perfeição das coisas no seu lugar aparente, tenho aprendido tanto com as coisas fora do lugar e de como minha inteligência fica mais apurada nesse momento, talvez seja o instinto de sobrevivência que bate na hora. Porque às vezes mesmo quando não mexemos, as coisas saem misteriosamente, do lugar que estavam.
É o momento de não ter garantias e ter de criar o que for para passar pelo tsunami. Não que as coisas quando saem do lugar, sejam necessariamente, tempestades devastadoras, mas é um momento solitário, de nos enxergarmos para que haja ajustes ou mudanças que te façam chegar a um estado desejado, mesmo que seja breve e que os sonhos se modifiquem.
É preciso coragem para enfrentar as coisas fora do lugar; muitos acabam desistindo, preferindo não tocar em nada. Recomenda- se também que não deixe virar bagunça.
As coisas fora do lugar vão me ensinar, um dia , a controlar a ansiedade

 E que, ao menos, renda boas histórias e inspiração.

terça-feira, 4 de junho de 2013


Com doze , achava que quando eu fizesse quinze seria “a mulher”como na passagem de tempo de um livro. Nem preciso dizer que continuei baixinha, magrinha e nem muito menos boba que antes. Quando começo a me fazer perguntas do tipo,”como vai ser quando?” Essa lembrança me acalma um pouco
Lembro também quando tinha uns seis, sete anos, quase sempre calçava o chinelo com o pé trocado, minha avó dizia que quando casasse entraria na igreja com o sapato trocado. Isso me preocupava bastante.

E cá estou ,talvez me sirva de consolo que nunca casei e, ainda sim, aprendi a calçar o chinelo certo.

sábado, 1 de junho de 2013

Lendo uma crônica de Rubem Braga sobre 10 coisas que fazem realmente a vida valer a pena, fiquei aqui pensando e resolvi arriscar Também
- viajar e perder- se um pouco das notícias do dia a dia
- Voltar e reencontrar pessoas queridas
- Ir a um lugar sem vontade alguma, e ser tão especial de marcar a sua vida de alguma forma.
- Trabalhar duro por algo e depois de meses, chegar onde tanto se quis
- Ter encontros de alma
- Andar por um lugar novo e encantador
-Ler ou ouvir uma música que te toca
-Voltar a um lugar que se foi muito feliz
- Sentir seu trabalho útil e valorizado

- Sentir que se livrou de algo que não estava fazendo bem.

segunda-feira, 13 de maio de 2013



"E eu que já perdi a hora e o lugar. Aceito."

domingo, 24 de março de 2013

Eu gosto de inventar histórias, desde criança sou assim. Mesmo crescendo , mentalmente, dei muita corda a fantasia, e até acho que tive muitos amores platônicos por cultivar essa prática.
É claro que quando mais nova, às vezes tropeçava nesses devaneios. Já tive um namorado, que certa vez, brincou me chamando de platoniquete.
O fato é que hoje, eu brinco mesmo com histórias que poderiam ser , e que, às vezes, são fatos corriqueiros mesmo.

No entanto, também aprendi a controlar minhas invencionices. São só subterfúgios para que a vida fique mais leve. Mas que de vez em quando, bem que tudo podia ser mais fácil assim, do tipo, eu quem decido, podia, né?! [ou não]

quarta-feira, 6 de março de 2013

"Cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas"

sábado, 19 de janeiro de 2013

Ah! como suas verdades me doem, Caio!


Dois ou três almoços, uns silêncios.Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".
Caio Fernando Abreu


Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso - aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.
(Publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", 22/04/1986)

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Para começar 2013



Assim como em O amor e outras drogas, eu também quero o inesperado da vida. Fico feliz com a exceção, seja ela pequinininha, como o reencontrar de alguém que não se vê há muito tempo, como também algo que entre na história, ou alguém que transforme o ritmo dos passos.
 Sem descrever que seja apenas inesquecível e memorável .

“Eu me preocupava bastante com o que queria ser quando crescesse, quanto ganharia ou se me tornaria alguém importante. Às vezes, as coisas que você mais quer, não acontecem. E às vezes, as coisas que jamais esperaria, acontecem.”

Filme; “O amor e outras drogas